Débora Maia de Lima estava lá, na frente de um público curioso, num templo da
mente e com jeito despretensioso se propunha a falar sobre “O corpo e o
movimento”. Isso soava um pouco como
heresia no espaço acadêmico. Para quem esperava uma contradição, um embate, um
espetáculo, foi frustrante ouvir que a oposição entre corpo e mente não existe
necessariamente, apesar dos conflitos. Quando se fala de movimento e dança, termos
também presentes na palestra da noite de sexta feira 7 de dezembro, cria-se,
muitas vezes, a expectativa de um show: o que o outro faz para o nosso prazer.
Mas isso também não ocorreu. A ideia que pairava no ar era o que cada um
poderia fazer para o seu próprio prazer (e eventualmente dor) redescobrindo seu
movimento (e muitas coisas estão envolvidas nessa expressão!) e a si mesmo.
Havia nas palavras daquela mulher
uma simplicidade que desarmava as resistências e nos permitia ouvir. Talvez o
corpo já estivesse acordando e se preparando para o que viria nos próximos dois
dias (8 e 9 de dezembro) de workshop, que eu não conseguiria resumir em
palavras.
Tal impasse se deve, em grande
parte, ao fato de que a experiência, o aprendizado, é processo tanto individual
quanto coletivo. O grupo envolvido cria (e viva a criatividade!) um espaço
único que vai viabilizar compreensão, apreensão, desenvolvimento de cada
indivíduo que, por sua vez, traz sua própria bagagem, sua história, seu padrão
de interação social. Por isso, cada qual poderia descrever de um ponto de vista
particular o que se passou no workshop.
Trata-se do corpo, mas também da
mente. Trata-se do agora, mas também do passado. Envolve a compreensão de
limites, mas a construção de possibilidades de superação. Dessa visão que busca
reconectar o que está dolorosamente separado surge a compreensão sobre os
processos de ensino e aprendizagem que entram em choque, sim, com a visão
fragmentada de ciência e de vida que ainda tem lugar privilegiado na academia e
em nossas sociedades.
Isso não significa, contudo, que
tais discussões não estejam também presentes nesse espaço acadêmico,
particularmente nos debates transdisciplinares que são eles próprios grandes
desafios. Nesse sentido, a experiência
do workshop, a (re)aproximação entre corpo e mente, também se refere ao futuro.
Aquele que desejamos construir, possibilitando também uma aproximação da
ciência, da academia das questões que realmente são fundamentais em nosso
cotidiano, resgatando nossa autonomia em ideias, produção e práticas. Nas
palavras de Boaventura de Sousa Santos, estaríamos focalizando “uma ciência
prudente para uma vida decente”.
Tem muito espaço na academia para
discussões e experiências como estas e, definitivamente, nos movimentamos um
pouco mais intensamente depois desse workshop.
Flávia Naves
Flávia querida, que bela síntese do que se passou naqueles três dias. Fico imensamente feliz que as oportunidades da vida permitam que o (re)encontro com o movimento possa ancorar em terreno fértil para ser ativado, porque ao final é só isso que somos, movimento. O aprendizado é sempre maior pra mim, quando posso compartilhar o que alguns mestres, pacientemente, me ensinaram. E sigo aprendendo, sempre sempre sempre. Estar com vocês foi um prazer e, torço para que este encontro dê muitos frutos... Seguimos...Déborah
ResponderExcluirFoi maravilhoso! Obrigada por nos proporcionar esse curso maravilhoso!!! Quero mais e mais!!!
ResponderExcluirsó gente boa aí!! hahaha foi show de bola!
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