terça-feira, 13 de novembro de 2012

Horizontes

Quando era criança achava que o mundo terminava no horizonte, onde minha vista alcançava.  A terra, o mundo eram mais ou menos a mesma coisa e aquele limite da minha visão, representava a verdade sobre o mundo.  Um dia, depois de muitos anos, saí pela primeira vez de minha cidade. Passei por aquele ponto que enxergava de minha janela. Vi minha casa, meu bairro e quase me vi, olhando de lá, o que parecia uma imagem clara, segura  pouco mutável do mundo. Essa experiência infantil me modificou me fez mais curiosa por outras perspectivas, por outras lentes, pelo olhar do outro, por outros pontos de vista.
Isso não significa que eu não tenha voltado várias vezes àquele mesmo ponto de observação ou mesmo que não tenha levado para outras paisagens e contextos um pouco da perspectiva daquele ponto. 
A construção do conhecimento é muitas vezes a desconstrução e reconstrução do que nos parece estável, perene, absoluto. Frequentemente promove um reconhecimento de nós mesmos. Sob vários aspectos a tentativa de experimentar uma vivência transdisciplinar na construção do LETRA tem me propiciado novamente incursões que levam a enxergar fenômenos, fatos, relações, sentimentos por perspectivas inusitadas, inesperadas.  Não se trata de um caminho de respostas fáceis, de segurança constante. É mais um caminho de muitas perguntas, de idas, de retornos, de pequenas conquistas, de inquietação, de muito compartilhamento, que traz outras experiências, outras dúvidas, novos debates, pequenos avanços... nada tão novo: apenas uma experiência absolutamente humana no fazer ciência.

Por
Flávia Luciana Naves Mafra

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