A sensação de descontrole sobre
os processos econômicos, sociais e políticos que frequentemente nos afeta está
gerando ações de grupos que buscam maior transparência, informação e
consequentemente maior capacidade de intervir sobre os fenômenos sociais dos
quais fazemos parte. Uma dessas iniciativas é a criação do ranking
“proprietários do Brasil” que divulgamos aqui. Leia, a seguir, uma síntese
desse projeto e conheça o site.
“Qual é a estrutura de poder
econômico dos grupos privados que atuam no país? Quais são os atores que
acumulam maior poder nesta estrutura, e qual a relação entre os mesmos? Qual o
grau de influência desta estrutura de poder, invisível, sobre as decisões do
Estado quanto ao rumo do desenvolvimento e as políticas econômicas? Como o
Estado se relaciona e alimenta esta estrutura de poder e quais as
contrapartidas desta relação para o bem-estar da sociedade? É com o objetivo de
responder a estas e a outras perguntas que construímos o ranking “Proprietários
do Brasil”.
O ranking foi elaborado a partir
da construção de um sistema de informação inédito que mede o poder econômico
não apenas por meio da receita destas empresas, mas também do controle, da
propriedade sobre ações ordinárias (com direito a voto) que uma empresa possui
de outras empresas e o quanto isso aumenta sua capacidade de influenciar os
investimentos do Estado brasileiro.
Não se pode falar de um
verdadeiro Estado de Direito Democrático se a sociedade não conhecer as
estruturas de poder econômico do setor privado e suas influências nas
orientações de estratégia econômica e de desenvolvimento do Estado brasileiro.
Ainda mais quando sabemos que as ações de empresas e bancos de maior capital
acumulado, por estarem comprometidos com o lucro, impactam negativa e
brutalmente na vida social, econômica, cultural e ambiental do país.
O Ranking Proprietários do Brasil
mostra que o capitalismo brasileiro tem rosto, nome, sobrenome e endereço. O
ranking expõe o controle da propriedade destes grupos por poucas empresas e
pessoas, através de estruturas complexas e ramificadas de participações
societárias. O ranking traz as intrincadas redes e cadeias de conglomerados,
holdings, instituições financeiras, empresas especuladoras e outros CNPJs que
nada produzem, chegando finalmente aos controladores últimos por trás das
empresas que fazem parte de nosso dia-a-dia, os verdadeiros donos do Brasil.
Queremos contribuir para dar
visibilidade e concretude à indecente concentração de renda e poder que marca a
vida social e econômica do país, justificada pelo consenso criado e propagado
de que tais empresas e seus donos produzem riquezas para o Brasil, através da
geração de empregos e por levarem o “desenvolvimento” e o “progresso” para os
locais em que atuam.
Almejamos que o ranking
Proprietários do Brasil forneça informações que auxiliem a luta das comunidades
e pessoas atingidas pelas ações danosas dos poderosos grupos econômicos
hegemônicos no Brasil, seja pelo desrespeito às condições de vida e trabalho
dignas, seja pela destruição ambiental. Também temos a pretensão em subsidiar
as instituições de pesquisa interessadas em desvelar a estrutura do poder. Concebemos o ranking como instrumento de luta concreta dos diversos movimentos
sociais e organizações por mais democracia no nosso país. Neste sentido, o
ranking fornece informações e revela de que forma o capital está organizado,
estruturado e agindo no país e como suas ações impactam no cotidiano da
população brasileira. Com esta ferramenta é possível, por exemplo, identificar
os verdadeiros agentes por trás de violações de direitos humanos e dos passivos
sociais e ambientais.
As conexões entre o Estado e os
grupos privados, forjadas historicamente, alimentam uma elevada concentração de
poder econômico, como revela o ranking. Ele nos mostra que por detrás de
famosos nomes de empresas e do emaranhado de cadeias de controle há pessoas.
Pessoas que as lideram e planejam suas ações, e que, em muitos casos, são
apoiadas fortemente pelo Estado Brasileiro, através de financiamentos
subsidiados, como, por exemplo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES); e benefícios fiscais e tributários por governos municipais,
estaduais e federal. Por meio do ranking identifica-se também a presença do
Estado na estrutura societária dos grupos privados através de participações das
empresas estatais e de seus fundos de pensão no capital de muitos destes
grupos.
Temos o direito, como cidadãs e
cidadãos brasileiras/os, de exigir a democratização do uso dos recursos
públicos e seu controle social, tendo acesso a informações sobre onde e como os
mesmos são aplicados.
A atual cortina de fumaça que
recobre a estrutura de poder econômico no país, normalmente isenta estes que se
portam como proprietários do Brasil de qualquer responsabilidade sobre os danos
sociais, econômicos, culturais e ambientais gerados pelas ações das empresas
que controlam. O ranking, ao expor estes atores, busca contribuir com a
democratização da economia, com a transparência da relação entre Estado e mercado
e com a responsabilização dos ‘proprietários do Brasil’”.
Para mais informações acesse o site: Proprietários do Brasil
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